domingo, 25 de novembro de 2012

O Homem é capaz de Deus

Cresci num mundo e numa sociedade em que a inteligência é ensinada a acreditar que por causa dela (inteligência) Deus não existe. Um homem inteligente, cientista ou não, desde que informado não acredita em Deus. Deus é fantasia de ignorantes. Desculpa de quem não sabe explicar os porquês das coisas. Delírio de quem não sabendo os para quês se anestesia a si mesmo com um punhado de frases feitas, analgésicos de alma para corações pequenos.

Mas, a minha inteligência sempre se manteve desconfiada diante de tal crença de que Deus não existe. O meu coração sentia-O, mesmo sem o comprender, mesmo questionando tudo em Seu redor. Mesmo quando esmíuçava as palavras da bíblia nas longas tertúlias das noites em Lisboa, o meu coração sentia-O e por isso a minha inteligência não parava de O procurar.

Procurava-O com todas as suas armas: o raciocínio, a lógica, a dedução, o discernimento, o bom-senso.
Procurava-O com todas as suas ferramentas: a leitura, a escuta, a pergunta, o estudo.

Para mim compreender Deus também através dos meios humanos era fundamental. E devo dizer ainda é. 
Entretanto, no caminho, fui aprendendo que Deus se dá, por um designio Seu de pura bondade. Fui aprendendo que não sou eu quem O procura, mas Ele quem me encontra. Fui descobrindo que a fé é um dom, uma oferta que Deus dá a todo o homem e a nós basta acolher esse dom como puro amor. Basta pedi-lo, com bondade e intenção pura. Mas, para fazê-lo crescer e vê-lo dar fruto, é também necessário o caminhar constante, o compromisso quotidiano em tudo e com todos. 

O Homém á capaz de Deus, nos ensina o catecismo da Igreja Católica logo no seu início. E a meu ver com extraordinária sapiência, pois assim se desmistifica a fraca convicção de que inteligência e Deus não se cruzam. O Homem é capaz de Deus, pois o próprio Deus o fez capaz. 
A contemplação do mundo, do universo e do próprio Homem nos provam essa capacidade, pois dessa contemplação nasce em nós o desejo de Deus. No deslumbramento de compreender com quanta mestria o Universo foi feito, não surge em nós o deslumbramento pelo próprio Deus?
As leis da física quanto mais matematicamente formuladas são, não se aproximam das próprias Leis de Deus?

Vendo bem, e usando a inteligência para ver melhor e mais além, é imensa a lista de cientistas de todos os tempos, alguns bem actuais e outros prémios nobel, que são crentes, que testemunham a Fé em Deus e que abertamente  confirmam sua devoção.

Nós, cristãos e católicos do quotidiano, do m2 como gosto de me denominar, pois, muito provavelmente não vamos descobrir nenhuma lei da física, nem nenhuma nova estrela no Universo, mas nós que no nosso dia-a-dia e m2, temos por missão educar os nossos filhos, tratar os nossos amigos com estima, ser rosto de Jesus no nosso trabalho, e  fazer nossas escolhas baseadas na cumplicidade e intimidade profunda com Deus-Pai, mantendo sempre aberto o nosso coração para a acção santa do espírito, nós temos de saber que SOMOS CAPAZES DE DEUS. Somos homens e mulheres que pela inteligência, sensibilidade e vontade somos capazes de compreender que Deus se faz presente e se dá inteiramente.
Iremos, claro, necessitar da Fé - esse dom magnífico; essa oferta extraordinária de Deus-Pai - para sentir Deus, apreciar Sua presença e reconhecer a Sua acção. Claro que sim. Mas, o próprio Deus, e assim nos ensina a Igreja, nos dá a inteligência para que possamos acolher a Fé.

Isso mesmo confirmou Einstein: Firmemente negando o ateísmo, Einstein expressou uma crença no "Deus de Espinoza, que se revela na harmonia do que existe'". Isto realmente motivou seu interesse na ciência, como ele certa vez afirmou a um jovem físico: "Eu não sei como Deus criou este mundo, eu não estou interessado neste ou naquele fenômeno, no espectro deste ou daquele elemento. Eu quero conhecer os Seus pensamentos, o resto são detalhes".  Uma das suas afirmações famosas é: "Ciência sem religião é coxa, religião sem ciência é cega".