sábado, 26 de novembro de 2016

Consciência familiar

A consciência é, por definição, pessoal, mas será que pode existir tal coisa como uma consciência familiar? Será que a consciência pessoal se forma no íntimo da pessoa ou no íntimo da família?

Creio que é no íntimo da família que a consciência se vai formando. A consciência não se pode formar livremente num ambiente de leis e normas, antes carece de um ambiente de respeito e de amor onde o sentido da existência vai sendo adquirido na partilha e na experiência.

A família é o berço do amor. 
A família que ama é o berço do espanto.
É só este espanto pode elevar o homem acima do universo e fazê-lo gritar: Quem sou?

A família é esse único lugar movido exclusivamente pelo amor. (ou apenas nessa circunstância havia de se chamar família).

É ali onde somos queridos por nós mesmos, apesar dos nossos defeitos e qualidades, que experimentamos o Amor-dom, o Amor-comunhão que nos desafia a crescer nas virtudes e no bem-comum.
Acredito profundamente que só este amor-dom pode formar um futuro médico ou um futuro professor com sentido de missão. Sem esta experiência de amor puro seriamos todos apenas profissionais movidos por dinheiro. E então como um médico apenas movido por dinheiro pode cuidar de um doente em fim de vida? Quanto é preciso pagar? 
Quanto é preciso pagar a um professor para educar os nossos filhos?
Por muito que o dinheiro seja necessário ele em si mesmo não acrescenta nada as nossas vidas.
Todos o usamos como meio de troca.

Educar no amor, preparar para o amor, é a mais bela missão da família. Aquilo que ela tem único é sublime. À volta desta missão todos são chamados a participar: pais, avós, tios, ...

Somos seres interdependentes. A nossa interdepencia grita acima do nosso egoísmo. Mas, a interdependência de que somos "dependentes" é aquela que só os relacionamentos de amor e amizade são capazes de construir. 
Onde pode o homem treinar os relacionamentos de amor senão na família?

Precisamos de famílias disponíveis para os relacionamentos pessoais e íntimos. Tecidos com fios de ouro. Construídos com tempo e estima, atenção e conversa, ternura e afeto.

Talvez seja este o maior drama da família hoje: a falta de tempo. 
Talvez seja precisamente este o maior desafio de cada um de nós, dedicar tempo. Tempo para a estima, para o abraço, para o beijo. Tempo para fazer companhia, para conversar, para pensar. Tempo para a ternura. Tempo para dizer amo-te.

Tempo para construir com fios de ouro essa consciência familiar que transforma seres-humanos em pessoas. Pessoas capazes de AMAR. 

E devia ser esse o nosso único grande objetivo: ser capaz de amar de forma total, livre e fiel. Ser capaz de amar de forma fecunda. Ser capaz de amar descobrindo no amor o filho que somos, o irmão que somos, o pai e a mãe que somos.

No final se a vida nos correr bem são essas as pessoas que mais desejaremos ver no céu.

E que consciência familiar precisamos afinal? 
Apenas de uma. Aquela que orienta o homem para a virtude e para o bem-comum. Aquela através da qual cada um de nós se eleva acima da sua própria e limitada existência e se faz amor para todos.

Aque

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Teologia do Corpo | Progrma #02

Homem e Mulher os criou

"O Amor é o berço do espanto."
Hoje há muitas pessoas à procura do que é misterioso... o mistério está para além de nós e em nós. 
O homem e a mulher, um diante do outro, descobrem e contemplam esse mistério escondido em seu coração desde sempre. Descobrem-no muito mais quando se relacionam numa entrega de amor esponsal, amor dom.

Neste programa conversamos com Padre Miguel Pereira sobre a imagem e semelhança inscritas no coração humano.



quarta-feira, 27 de abril de 2016

Teologia do Corpo | programa#1

O meu corpo não é uma coisa. O meu corpo é uma pessoa.
 O meu corpo sou eu.
"O corpo e só ele torna visível o invisível" S. João Paulo II 
A Canção Nova oferece-nos este presente, uma série de programas dedicadas à Teologia do Corpo. 
Para mim, é um presente de Deus, pelo qual sou grata, por me deixar servi-Lo assim... Peço a Deus que deste "nosso" pouco faça muito, para maior honra e glória do Seu nome, para nosso bem e da Igreja.



sábado, 2 de janeiro de 2016

Fazei tudo o que Ele vos disser

"Somos pedaços de um sonho, filhos do universo,
Somos das estrelas poemas, escritos num verso."

Jo 2, 1-5
Primeiro há este casamento.
Casamento de Adão e Eva; casamento de Cristo com a Igreja; e pelo meio este casamento de canã onde Jesus realiza o primeiro milagre.
O casamento de Adão e Eva é manchado pelo pecado. Eva deixa-se seduzir pela mentira, pela possibilidade de ser mais do que já é. Adão que acusa Eva:" a mulher que Tu me deste é que me fez pecar." Sedução, mentira e acusação continuam ainda hoje a ser causa de tanta dor, de tanto desentendimento e divórcio. Causa de tanto impedimento ao amor. Causa de tão grandes feridas.

O casamento de Cristo com a Igreja é esse grande casamento que todos desejamos: união total, livre, fiel e fecunda. Esse casamento livre de mancha, onde a união é perfeita. Onde o amor é verdadeiramente Esponsal, puro e imaculado.

Pelo meio vários casamentos vão decorando a Bíblia sempre nos ensinando passo-a-passo a realizar o casamento humano no plano divino.

Sara e Tobias que nos ensinam a vencer a morte com a oração em casal. A oração que pelo seu poder faz o amor (de Cântico dos Cânticos) ser mais forte que a morte.
E Canã que nos ensina a deixarmos Maria e Jesus tomarem parte e a intervirem em nosso casamento.

Maria, mãe solicita, que sabe o que nos faz falta mesmo antes de nós darmos conta disso.

O vinho: esse elemento que decora as nossas festas. Fruto do trabalho do homem. Trabalho de perícia, paciência, paixão e empenho. Trabalho de aperfeiçoamento. Trabalho conjunto do homem com a natureza.
Jesus vem e da água faz vinho.

A água que nos é dada por Deus. O homem não faz água, apenas a usa.
Mas, é precisamente desse algo que Deus nos dá que Jesus faz o vinho. O vinho bom e melhor.

Como é bom deixar Maria e Jesus viverem e tomarem parte connosco no nosso casamento!
Deixar que Maria veja antes de nós o que nos faz falta e pedi-lo a Jesus.
Como é bom deixar que Jesus pegue em algo simples que Deus-Pai nos deu -  o amor - e fazer dele algo ainda mais extraordinário - o Amor Esponsal!

Jesus: Deus que entre nós habita; carne como nós...quando este Jesus se faz presente...quando o convidamos a tomar parte connosco na nossa festa...quantas graças recebemos! Quanto vinho bom Ele derrama em nossos corações!

Maria: "Fazei tudo o que Ele vos disser".
Este é o mandamento de Maria.

E nós? Não seremos esses servos a quem a Mãe dirige estas palavras? Com certeza.
Somos, sim, esses servos do nosso casamento a quem a Mãe diz "Fazei o que Ele vos disser."
E Ele diz: "Peguem nas vossas coisas, regras, normas, defeitos, preconceitos, vãs ilusões. Mas, peguem também nos vossos sonhos, qualidades, vontades, liberdades e promessas e ponham tudo dentro do vosso casamento. Eu direi uma só palavra e sereis salvos. Tudo quanto são; tudo quanto possuem Eu posso transformar em Amor. Amor maior. Amor eterno. Amor puro. Santo. Imaculado. Amor Esponsal: esta é a Graça que vos dou. Esta é a minha bênção. E a vossa festa não terá fim."

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Porta do Céu: Maria

"Deus reuniu todas as águas e fez o mar; reuniu todas as graças e fez Maria"- S. Luís de Monforte

Jo 1, 29-51
Todo o cristão é testemunha de Cristo. A todos o Pai chama a testemunhar Cristo e a dizer como João diante de Jesus: "Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo."
Isto o dizemos a cada Santa Missa "Eis o Cordeiro de Deus."
Jesus imolou-se por nós para tirar o pecado do mundo. Por amor a Jesus nós nos imolamos para tirar o pecado de nós. Sem o nosso sacrifício o pecado continua em nós mas sem o sacrifício de Jesus jamais poderia sair de nós.
É preciso reconhecer que Jesus é o Cordeiro de Deus. É preciso afirmar que é Ele quem tira o pecado do mundo.
Porquê? Porque não somos capazes de o fazer sozinhos?
Porque razão a nossa inclinação para o bem não é suficiente?

Neste dia de Nossa Senhora talvez ela própria nos ajude a relembrar que nesta luta somos só combatentes. Não somos senhores da guerra e certamente também não somos senhores da paz. Maria recorda-nos a verdadeira dimensão desta batalha.
De resto, é bem visível que todas as nossas obras se corrompem facilmente apenas com o nosso humano: invejas, ciúmes, mentiras coabitam com a nossa generosidade, simpatia e verdade. As nossas grandes obras de amor e justiça sempre acabam impregnadas de vaidades, honrarias e poder. Tais defeitos são o mar preferido das nossas ações.

Por essa razão, o apostolado da ORAÇÃO deve ser o primeiro.
Só a escuta de Deus nos revela o caminho. Só Sua palavra aperfeiçoa o que há em nós. Só Sua luz ilumina o nosso melhor.
Rezar, rezar, rezar. Por amor, aniquilar o nosso pecado. Por amor, cultivar mais e mais o nosso coração.  Por amor deixar que a FÉ expanda a nossa alma, até reconhecermos JESUS como Filho de Deus.
O nosso apostolado de sacrifício e caridade serão apenas a nossa forma humana de dar testemunho desse Alguém maior (a quem não somos dignos nem de desatar a correia das sandálias) sobre Quem pousou o Espírito Santo e por Quem Ele se nos dá.

"QUE PROCURAIS?"
Eis a questão. Esta questão a coloca Jesus a cada um de nós que o segue.
É bom que saibamos a resposta. Ninguém se põe à toa a seguir o outro. O cristão não é nem louco, nem ignorante, nem tolo. O Cristão não anda à toa. "Que procurais?"

Os discípulos responderam com outra pergunta: "Rabi, ONDE MORAS?"
Não é esta também a nossa resposta?
Não é apenas isto que procuramos? Saber onde mora Jesus.
Seja dentro do nosso coração, seja no alto das montanhas ou na profundeza dos oceanos. Queremos estar nesse lugar onde mora Deus.

E Jesus responde interpelando: "VINDE VER".
Como amo esta resposta...vinde ver.
A todos Jesus convida a segui-lo. Também a cada um de nós Ele faz este convite. A cada dia.
É preciso ir. É preciso seguir Jesus: Ele nos levará à Sua morada e nos permitirá viver conSigo, nesse mesmo dia. Mas, é preciso querer. É preciso ir. Ir com Jesus.

No testemunho que damos desta nossa escolha, as nossas palavras devem ser tão certas e escassas como são as de André e de Filipe neste evangelho.
"Encontrámos o Messias" - disse André a seu irmão Pedro. Apresentou-o a Jesus e depois foi Jesus Quem tudo fez com Pedro.
"Encontrámos Aquele de quem Moisés escreveu na Lei e os profetas: é Jesus, filho de José." - disse Filipe a Natanael - "Vem e verás." E depois apresentou-o a Jesus e foi Jesus Quem tudo fez a Natanael.
Nós damos testemunho, como João Batista, de Jesus verdadeiro Deus é verdadeiro Homem - o Messias e o filho de José. Este é o Filho do Homem sobre o qual descem e sobem os anjos de Deus. Ele é a escada entre o Céu e a terra. Ele é o CAMINHO que conduz à VIDA. À vida de VERDADE: a VIDA ETERNA.

Esta escada que se estend do Céu até à terra entrou no mundo por uma PORTA: MARIA.
Maria, Senhora e Rainha da Paz; mãe do Cordeiro de Deus e mãe dos filhos dos homens. Ela é a Porta do Céu. Que conduz à escada por onde sobem e descem os anjos de Deus. Por meio da qual o próprio Jesus nos diz: "Vinde ver".