segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"Se souberes separar o que tem valor do que não presta

tu serás a Minha boca." Je. 15, 20

Quando tropeço em frases como esta fico sempre admirada, repleta de espanto. Sim, a glória de Deus é sempre imensa e sempre nos arrebata, sempre nos arranca do cómodo sentir e do comum pensar.

Se souberes separar...

O Deus dos cristãos não é um deus do tudo-feito, tudo-pronto, compra-embalado-2-minutos-microondas-e-já-está. Não, este é um Deus que convida à acção, ao pensamento e à constante decisão. Um Deus que vai deixando uma dica aqui e outra ali, revelando um pouco cá outro acolá e, paradoxalmente, tão transparente e tão revelado, que toda a Verdade aí está, ao nosso alcance, ao alcance do que se converte.

Um versículo antes diz o profeta: "Se tu te converteres, Eu te converterei".
Se tu te decidires por Mim, Eu farei toda a tua conversão. Se tu te decidires primeiro, pela tua fé, pela tua livre escolha, Eu, então, farei em ti a tua conversão. "E ficarás na minha presença" - continua o profeta.

E se, depois, souberes separar...
Aqui nos desafia e nos confia Deus. Saber separar. Saber peneirar.Tal como Deus peneira o trigo do joio.
Saber separar é assim uma tarefa própria de Deus. E é o próprio Deus que nos diz que essa é também uma ocupação própria do Homem.

Quantas vezes em cada dia esta nossa cultura se esquece de separar. Habituada que está a ter tudo-pronto, tudo-à-mão, ideias-feitas de universo, frases-ruminadas de boa-vida, opiniões-relativas-de-tudo-e-absolutas-de-nada.

Ao cristão abre-se um outro caminho. É preciso caminhar aqui (que trabalho! dirão alguns...); é preciso pensar aqui; e é preciso fazer e até saber! (vejam só?! quanta trabalheira têm esses cristãos! Não há p'raí um livro que resuma tudo em dois ou três paragrafos?)

O que tem valor do que não presta.

Saber avaliar e atribuir valor ao que nos é importante e guardá-lo como um tesouro, jogando fora tudo o que não presta, o que não convém.
Limpar o nosso coração, a nossa mente e o nosso espírito dos resíduos, ou como se diz agora depurá-lo das toxinas é tarefa urgente. Nem sei se requer muito tempo, acredito que requer apenas querer, fazendo uso desse primeiro dom que recebemos A Vontade Própria.

Guardar o que tem valor. Saber bem o que tem valor, aos olhos de Deus e aos nossos olhos depois de lavados por Ele, e escolher guardar isso como um precioso tesouro será pois a máxima sabedoria para o Homem.

E para o Homem que atinge essa sabedoria, reserva-lhe Deus um destino maior: tu serás a Minha boca.

Quão grandioso este destino a que nos convida Deus. Ser a Sua boca, por onde Ele profere a Sua palavra, essa que é alimento e vida, esse som que cria, que ampara, consola, e alavanca tudo em nós. Quão puro terá de ser um coração para um dia ser boca de Deus! Parece tão inimaginável isso para nós que conhecemos bem o nosso coração e mente e bem sabemos de quanto estão cheios...e, no entanto, basta saber separar o que tem valor do que não presta...e, no entanto, é o próprio Deus que nos criou, que nos sonda e conhece melhor que já sabe que esse destino tão alto está mesmo ao nosso alcance.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Você vai estar fora da rota 90% do tempo. E daí?

O importante é que saiba que tem uma rota!

Tal como um piloto de um avião precisa de uma rota para fazer o caminho do ponto de partida até à chegada, assim também nós e as nossas famílias necessitamos de um caminho que nos conduza à nossa meta.
Mas, o piloto do avião também necessita de um sistema de alerta que lhe comunique quando está fora da rota, e de uma torre de controlo que lhe dê instruções para que possa corrigir e retomar a direção. Assim, toda a família precisa de estar equipada com um bom "sistema de alerta".
As famílias cristãs têm ao seu alcance o melhor "sistema de alerta" possível: a Palavra de Deus e o próprio Espírito Santo!
E a nossa torre de controlo é o próprio Deus Pai, que sempre nos indica o caminho.
Eu diria, que Jesus é a própria rota para todas as famílias cristãs!

No retiro de casais do RCC, que teve lugar nos dias 29 e 30 de Janeiro último, o Pe. Rocha Monteiro, alertava as famílias para a necessidade de terem uma missão, de a compreenderem e de a assumirem plenamente.
De facto, uma missão familiar pode traduzir-se naquilo que a família é chamada a ser e a viver.

Escrever uma missão familiar, pode parecer algo disparatado, mas é uma excelente forma de proporcionar uma boa conversa em família sobre o que de mais essencial e importante existe para ela. Sem essa boa conversa, a nossa existência familiar ficará restricta à convivência e o que mais poderemos obter é "uma boa convivência".
Uma "boa convivência" é fundamental, mas a família é muito mais do que isso!

Estou certa de que Deus deseja que a família seja um espaço íntimo de relação, de crescimento e de desenvolvimento humano, um espaço grandioso de amor. Um lugar onde as pessoas se comprometam e vivam umas com as outras em transparência e verdade, em amor e perdão.

Depois de refletir sobre a nossa missão pessoal e familiar, podemos escrevê-la e afixar num lugar central da nossa casa, onde ela possa ser lida, conhecida e interiorizada por todas as pessoas da família. Este pequeno gesto funciona como um "equipamento de segurança" que permite lembrar à família qual a sua meta e assim, manter-se na rota!

Não poderemos esquecer que o caminho é importante enquanto nos conduz à meta. E qual é a meta para as famílias cristãs?

Deixo a pergunta, certa de que todos sabemos qual é a resposta, mas será maravilhoso receber os vosos comentários.

 
"Eu Sou o caminho, a Verdade e a Vida" Jo.14, 6-7

Veja o exercício que proponho na página Coaching para Famílias e seja a família que Deus deseja!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Uma questão de vocação

Ser família em Cristo é uma vocação. É um apelo íntimo de Deus ao qual dizemos SIM.
Falta à sociedade trazer para a consciência pública este estado vocacional.
Como vocação que é, ser família em Cristo, envolve discernimento e compromisso constante, empenho e entusiasmo. Envolve determinação e flexibilidade. Requer também um abandono para que se faça em nós segundo a vontade do Pai. Desafia-nos para que abandonemos os nossos planos e nos entreguemos ao sonho de Deus para nós.
A nossa vocação impele-nos para o nosso interior, para explorarmos com coragem os caminhos do espírito.
Depois, vai tecendo em nós o desejo de exteriorizar e de com entusiasmo viver essa realidade vocacional.

Através do matrimónio cristão, a família torna-se consagrada. O que significa, antes de mais, que passa a ser com o sagrado; a fazer com o sagrado. Assim, Deus está com cada família cristã. Ele é o centro e o redor; o dentro e o fora; o todo e a parte; o grande e o pequeno; a palavra e o gesto; o beijo, o abraço e o regaço; o amparo, o abrigo e a alavanca.
Ele "dorme" na nossa barca, mas desperta ao nosso primeiro grito, para acalmar o mar e nos reforçar na fé.
Para viver em família este chamado à vocação, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida, até que a morte nos una mais, é preciso ser e fazer com o sagrado, deixando Deus ser e fazer na nossa vida.

Partilhe: Como podemos viver a vocação de ser família no dia-a-dia?

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Desafio Família Cristã!

A nossa sociedade atravessa momentos contorbados e difíceis, mas os indivíduos continuam a desejar intimamente ser pessoas. E só se é verdadeiramente pessoa quando nos deixamos inundar pela força do Espírito Santo e nos disponibilizamos para viver uma experiência espiritual plena.

A família é, de facto, a célula fundadora da humanidade e o habitat natural do ser-humano. A família é o local onde podemos naturalmente ser amados e educados. A educação pelos valores e para os valores humanos é hoje um desafio para todos, pois tantas são as solicitações da nossa sociedade para que vivamos de "qualquer maneira".

Mas, viver de "qualquer maneira" já não serve; já não nos basta; já não nos preenche; já não nos arranca da cama todas as manhãs!

As famílias cristãs, as que são verdadeiramente de Cristo, que O vivem e interiorizam no quotidiano do seus afazeres, na rotina dos seus afectos, têm em Cristo a sua força inspiradora; a sua motivação e alegria de todas as manhãs!

Ser de Cristo é uma decisão feita com a razão, com argumentos sólidos e intelectuais. Ser de Cristo é também uma decisão emocional feita com o coração, com amor, com alegria. Mas, acima de tudo, Ser de Cristo é uma decisão espiritual feita com toda a alma, toda cheia de esperança!