sábado, 23 de janeiro de 2021

Os monstros XXL sentados no sofá da sala e a pandemia

 Jesus deseja ardentemente estar no centro das nossas famílias. N’Ele, com Ele e por Ele compreendemos que família é muito mais do que um aglomerado de gente; Ser família é um sonho sublime de Deus.

Família é sinónimo de vida em comunhão. 

Neste tempo estranho de pandemia e de confinamento forçado, Deus visita-nos e convida-nos  para este belíssimo banquete que é a vida em comunhão na família. Não desprezemos este convite, nem deixemos passar este tempo de visita de Deus. Não recusemos o uconvite do nosso Senhor como fizeram os homens ricos e muito atarefados do evangelho.

Coloquemos o nosso olhar em Jesus, para descobrir no Seu acto de amor maior, o serviço como expressão do amor. Quando o amor toma uma forma concreta: eis aí o serviço.

E quando uma família está confinada em casa; putos sem escola e país em teletrabalho; eis aí um enorme terreno para o serviço!

Infelizmente, serviço é um ma palavra tão maltratado é tão mal compreendida no nosso tempo...mesmo dentro das famílias. Associamos servir o outro a rebaixamento, a ofensa, a obrigação escrava, a menosprezo do nosso “eu”. Como se o “eu” tivesse sempre de ser maior que o “tu” e o “nós”.  Ser o menor lá de casa isso é algo que o nosso eu não pode admitir! Nem para um filho, nem para um pai, nem para uma mãe, e muito, muito menos para um esposo.

E com tantos “eus” à solta lá por casa, a família torna-se insana.

É a esposa e mãe que murmura porque tem de cozinhar ao almoço e ao jantar; é o esposo e pai que murmura porque tem de tratar da roupa; são os dois que discutem que tarefa é mais trabalhosa é difícil; são os filhos que murmuram porque têm de pôr e levantar a mesa ou arrumar o quarto; são os irmãos que discutem e se comparam pelo que cada um faz de menos; é neste frenesim que o egoísmo e a murmuração começam a espalhar-se silenciosamente como vírus (e como tão bem somos capazes de entender esta imagem agora...) passam da esposa para o esposo, contagiam os filhos, adoecem os irmãos.

Ao princípio ninguém nota, mas logo começam a surgir as primeiras mortes. Morre o bem-dizer, morre o apreço, morre o carinho e a ternura, morre a admiração e há-de morrer a tolerância, a gratidão e a estima. 

Quando damos por isso já temos uns monstros tamanho XXL sentados no sofá da sala, na mesa da cozinha e até deitados na cama do quarto!

Será este um tempo propício a deixar Deus entrar na nossa casa e na nossa família? 

Ha vírus, piores que o Covid, dentro dos nossos corações e mentes. Que o mesmo cuidado que agora temos com as mãos para não tocar em nada contaminado, possamos aprender a ter com o nosso olhar. Desviemos o nosso olhar de tudo o que nos contamina. Sejamos tão solícitos a manter o distanciamento de tudo o que nos corrompe. 

Este tempo estranho pode ser uma oportunidade para abrirmos as portas do nosso coração e da nossa casa para que Deus se faça presente, pois quando Deus visita as nossas famílias todos os acontecimentos se transformam. As dificuldades não deixam de existir, mas tornam-se menos difíceis porque elas próprias se transformam em oração. E quando a oração passa a ser o diálogo da nossa casa e da nossa família, então sim, podemos ousar sonhar o sonho sublime de Deus: ser família!