domingo, 25 de novembro de 2012

O Homem é capaz de Deus

Cresci num mundo e numa sociedade em que a inteligência é ensinada a acreditar que por causa dela (inteligência) Deus não existe. Um homem inteligente, cientista ou não, desde que informado não acredita em Deus. Deus é fantasia de ignorantes. Desculpa de quem não sabe explicar os porquês das coisas. Delírio de quem não sabendo os para quês se anestesia a si mesmo com um punhado de frases feitas, analgésicos de alma para corações pequenos.

Mas, a minha inteligência sempre se manteve desconfiada diante de tal crença de que Deus não existe. O meu coração sentia-O, mesmo sem o comprender, mesmo questionando tudo em Seu redor. Mesmo quando esmíuçava as palavras da bíblia nas longas tertúlias das noites em Lisboa, o meu coração sentia-O e por isso a minha inteligência não parava de O procurar.

Procurava-O com todas as suas armas: o raciocínio, a lógica, a dedução, o discernimento, o bom-senso.
Procurava-O com todas as suas ferramentas: a leitura, a escuta, a pergunta, o estudo.

Para mim compreender Deus também através dos meios humanos era fundamental. E devo dizer ainda é. 
Entretanto, no caminho, fui aprendendo que Deus se dá, por um designio Seu de pura bondade. Fui aprendendo que não sou eu quem O procura, mas Ele quem me encontra. Fui descobrindo que a fé é um dom, uma oferta que Deus dá a todo o homem e a nós basta acolher esse dom como puro amor. Basta pedi-lo, com bondade e intenção pura. Mas, para fazê-lo crescer e vê-lo dar fruto, é também necessário o caminhar constante, o compromisso quotidiano em tudo e com todos. 

O Homém á capaz de Deus, nos ensina o catecismo da Igreja Católica logo no seu início. E a meu ver com extraordinária sapiência, pois assim se desmistifica a fraca convicção de que inteligência e Deus não se cruzam. O Homem é capaz de Deus, pois o próprio Deus o fez capaz. 
A contemplação do mundo, do universo e do próprio Homem nos provam essa capacidade, pois dessa contemplação nasce em nós o desejo de Deus. No deslumbramento de compreender com quanta mestria o Universo foi feito, não surge em nós o deslumbramento pelo próprio Deus?
As leis da física quanto mais matematicamente formuladas são, não se aproximam das próprias Leis de Deus?

Vendo bem, e usando a inteligência para ver melhor e mais além, é imensa a lista de cientistas de todos os tempos, alguns bem actuais e outros prémios nobel, que são crentes, que testemunham a Fé em Deus e que abertamente  confirmam sua devoção.

Nós, cristãos e católicos do quotidiano, do m2 como gosto de me denominar, pois, muito provavelmente não vamos descobrir nenhuma lei da física, nem nenhuma nova estrela no Universo, mas nós que no nosso dia-a-dia e m2, temos por missão educar os nossos filhos, tratar os nossos amigos com estima, ser rosto de Jesus no nosso trabalho, e  fazer nossas escolhas baseadas na cumplicidade e intimidade profunda com Deus-Pai, mantendo sempre aberto o nosso coração para a acção santa do espírito, nós temos de saber que SOMOS CAPAZES DE DEUS. Somos homens e mulheres que pela inteligência, sensibilidade e vontade somos capazes de compreender que Deus se faz presente e se dá inteiramente.
Iremos, claro, necessitar da Fé - esse dom magnífico; essa oferta extraordinária de Deus-Pai - para sentir Deus, apreciar Sua presença e reconhecer a Sua acção. Claro que sim. Mas, o próprio Deus, e assim nos ensina a Igreja, nos dá a inteligência para que possamos acolher a Fé.

Isso mesmo confirmou Einstein: Firmemente negando o ateísmo, Einstein expressou uma crença no "Deus de Espinoza, que se revela na harmonia do que existe'". Isto realmente motivou seu interesse na ciência, como ele certa vez afirmou a um jovem físico: "Eu não sei como Deus criou este mundo, eu não estou interessado neste ou naquele fenômeno, no espectro deste ou daquele elemento. Eu quero conhecer os Seus pensamentos, o resto são detalhes".  Uma das suas afirmações famosas é: "Ciência sem religião é coxa, religião sem ciência é cega".

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A vida do Homem: conhecer e amar a Deus

"Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em Si mesmo, num desígnio de pura bondade, criou livremente o Homem, para o tornar participante na Sua vida bem-aventurada. Por isso, sempre e em toda a parte Ele está próximo do Homem. Chama-o e ajuda-o a procurá-Lo, a conhecê-Lo e amá-Lo com todas as suas forças. Convoca todos os Homens dispersos, pelo pecado, para a unidade da Sua família, que é a Igreja. Para tal, enviou o Seu filho como Redentor e Salvador na plenitude dos tempos. N'Ele e por Ele chama os Homens a tornarem-se seus filhos adoptivos, e portanto, herdeiros da Sua vida bem-aventurada." Catecismo da Igreja Católica, Prólogo, 1.

Pai, se mais nada me fosse dito, só isto bastava.

Como são deliciosas estas palavras para o coração humano, "(...) num desígnio de pura bondade (...)"
É de um dom puro de bondade que fomos criados. Um ato de amor puro, generoso e livre.

Muitas vezes nos deparamos com a nossa pequenez e mesquinhez e quantas vezes nos sentimos reduzidos a nada. Mas, ao ler estas palavras, que sabiamente transmitiste aos Homens, por inspiração santa, sinto que somos criados para Ser mais.
O Homem ainda não compreendeu as Tuas palavras: "Deus, a seguir, disse: Façamos o homem à Nossa imagem e à Nossa semelhança".
Para quê nos farias Tu à Tua imagem, se fosse apenas para nós exercermos diariamente com mestria a nossa pequenez e mesquinhez?
Sim, somos capazes de ser pequeninos, tontos, ignorantes e rudes. Sim, somos. Mas, essa não é nem a nossa essência, nem o nosso princípio, nem o nosso fim.

O nosso destino é participar na vida bem-aventurada de Deus-Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. Esse é o nosso destino. Essa é a nossa imagem e a nossa semelhança.

Creio, que neste ano inigualável da Fé, Deus-Pai, pelo Filho e no Espírito Santo vem repetir ao nosso ouvido e bradar ao nosso coração, estas palavras, que com tanta sapiência, ante-inauguram o catecismo.
Somos feito de matéria pura de bondade e liberdade. Somos convidados a participar, como filhos, na vida bem-aventurada de Deus. Ele, mesmo, sempre e em toda a parte está próximo de nós. Ele, próprio nos chama e nos ajuda a procurá-Lo, a conhecê-Lo e a amá-Lo. E a Si mesmo se dá infinitamente no seu Filho e no Seu Espírito.

Com esta certeza; com este grandioso amor; com este precioso tesouro guardado sejamos cristãos vivos e participantes, testemunhos claros da Deus; gente a quem o catolicismo se apresenta como (e é) um "estilo de vida inevitável e vital".

Descubro, hoje, de forma nova, o alcance destas palavras carinhosas de Deus e que a Igreja Católica transmite ao mundo como proposta de redenção e salvação (que a preciosidade da palavra de Deus é essa "Divina eloquia cum legente crescunt" - "As palavras divinas crescem com quem as lê").

A nossa família vive esta graça de encontrar a sua união em torno de uma vela acesa, diante da qual se reza. Em torno desses momentos se vai lavrando o chão da nossa casa, onde uns e outros vão habitando e comungando. As sementes deitadas à terra acabam por cair e germinar. Queira Deus que caiam em boa terra e deêm muito fruto.
Deus pede-nos que reguemos essas sementes com gotas de amor e paz. Deus pede-nos que alimentemos a terra com discernimento e bondade. Que façamos uso da nossa imagem e semelhança para aprendermos quem somos.
A inteligência humana, o raciocínio, a argumentação não podem ficar privadas de conhecer e contemplar a nossa semelhança a Deus-Pai.
Por isso, o Papa nos desafia a conhecer as razões da nossa fé.

Lançámos mãos ao desafio e em família iremos percorrer, sem pressa, o catecismo e aprofundar o conhecimento maravilhoso que hoje a nossa Igreja tem de Deus.
Sim, é este o património da Igreja que o mundo precisa de conhecer e saber! Ao cristão, mais do que antes, não lhe sobra tempo, nem espaço para viver no desconhecimento ou na ignorância. Urge saber quem somos e urge reconhecer a nossa imagem como semelhante a Deus! Urge agir como filhos criados por um designio de pura bondade para participar na vida eterna.

domingo, 29 de julho de 2012

"Quero; sê Limpo" Mt. 8, 3

"E descendo ele do monte, seguiu-o uma grande multidão. E, eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: «Senhor, se quiseres podes tornar-me limpo».
E Jesus, estendendo a mão, tocou-o dizendo: «Quero; sê limpo.» E logo ficou purificado da lepra." Mt.8, 1-3

Gosto desta genial passagem. Por tudo o que esconde nas suas entrelinhas. Pela dificuldade de a compreender na primeira leitura. Por ser necessário fazer uma viagem no tempo até aquele lugar onde Jesus, a multidão e o leproso se encontram, para aí começar a desvendar as palavras, os gestos e o ensinamento de Jesus.

Jesus descia do monte...que monte Ele descia? Que havia estado Ele a fazer em cima do monte?

Eis é a primeira revelação genial! Como Jesus estava em cima do monte já há tanto tempo, até nos esquecemos do que Ele lá havia feito...mas, para mim, vale a pena recordar.

Jesus sobe o monte em Mt. 5, 1. (São 3 capítulos que separam a subida da descida!). Lá no alto do monte senta-se e os seus discípulos aproximam-se. Então, Jesus começa por lhes ensinar. Neste monte Jesus vai, durante 3 capítulos, ensinar os discípulos e a multidão. Jesus vai transmitir tudo aquilo que é o mais importante da vida em Cristo. (vale a pena pegar na Bíblia e ler deixando-se inundar e provocar pela sabedoria de Jesus como terão feito os discípulos e a multidão).

Começa pelas Bem-aventuranças (retenho aqui especial atenção a Mt. 5, 8), e vai, depois, dizer-nos que nós somos "o sal da Terra" e "a luz do mundo". Revoga a lei e acrescenta a dimensão maior do pensamento puro, afirmando que o mal mora em primeiro lugar no pensamento e na intenção. O perdão transforma-se na base pura das oferendas no altar. Tão pouco importa o tamanho da oferta, se o coração não estiver em plena vivência do perdão com todos os irmãos, a oferta nada vale. Jesus é tão radical nesta questão essencial da pureza de coração e de pensamento que chega mesmo a incentivar os homens a "arrancar" , a "cortar" e a "atirar para longe" as partes do corpo que causem impureza. Até sobre o nosso falar, Jesus se assume radical, preferindo as poucas palavras exactas Sim ou Não, à panóplia de juras.

E se tudo isto já nos parece tanto, vale a pena recordar que ainda só estamos em Mt. 5,37.
Radical e confuso. Imagino como se sentiam os seus discípulos e a multidão que o escutava perante tanto ensinamento cada um mais "louco" e desconcertante que o anterior. É fácil imaginar, pois acredito que se sentissem como nós: Perdidos entre o-que-Ele-diz-e-quer-dizer e aquilo-que-nós-somos-capazes-de-fazer.

E continua: agora, para nos dizer que não devemos resistir ao mal, que devemos ofecerer a face esquerda a quem nos bater na direita; e que devemos dar a capa a quem nos tirar o vestido; que devemos amar os nossos inimigos; bem-dizer os que nos amaldiçoam; fazer o bem aos que nos odeiam; e orar pelos que nos maltratam. E isto tudo para que "sejais filhos do vosso Pai que está nos céus" (Mt.5, 45). Pois, caso contrário, se fizermos apenas o que os outros todos fazem sem esforço qual é o nosso mérito?
"Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus". (Mt.5, 48)

Não sei por vocês mas eu, a esta altura já estou atónita. Sim, eu quero ser essa multidão que segue Jesus ao cimo do monte para O escutar. E escutando, aprender. E aprendendo fazer como Ele diz. Mas, Jesus não me desafia a coisa fácil, nem simples, e quase que desmoralizo por nem sequer acreditar ser exequível. Mas, crendo, que Jesus jamais me propunha algo fora do meu alcance, continuo ouvindo.

Continuamos todos em cima do monte em Mt.6, escutando agora Jesus falar sobre o nosso agir. "...quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita;(...) Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai (...) E orando, não useis de vãs palavras (...) porque o vosso Pai sabe o que vos é necessário (...)" E prosseguindo ensina a multidão a rezar (Mt. 6, 9-13). Dá-nos assim um inesgotável tesouro - a oração do Pai Nosso- que passa de geração em geração.

Imagino a multidão e os discípulos boquiabertos, deixando-se inundar pelas palavras sábias e vivas de Jesus, sentindo brotar a Paz e o Amor do Seu coração e invadir cada um em plenitude.
"Não acumuleis tesouros na terra (...) mas juntai tesouros no céu, onde nem a traça, nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o vosso coração." (Mt. 6, 19-21)

Sim! Eu quero que o meu tesouro esteja no céu! - deve ter gritado a multidão. E gritamos nós também, sentindo o toque profundo das palavras de Jesus em nosso coração.

E, sabendo que o Homem é ser menor, sempre preocupado e ocupado com coisas pequenas e ganacioso de coisas fúteis, já vai Jesus esclarecer que a luz do espírito entra pelo olhar. O olhar limpo e benigno dará ao corpo a luz. Deus não fez a vida do Homem para as coisas pequenas e vãs, mas para o reino e a justiça de Deus. Nessas coisas e só nessas deve o Homem colocar o seu espírito.

"Não julgueis para não seres julgados." (Mt.7, 1).

O Pai providencia a todos conforme a necessidade de cada um. O Pai é benigno e dá. Dá a todos e dá em abundância, para que nada falte. "Porque, aquele que pede, recebe, e o que busca, encontra e ao que bate se abre" (Mt.7, 8)
Mas, abre-se a porta estreita que conduz ao apertado caminho que "leva à vida" (Mt. 7, 14).

Jesus, insiste na pureza do agir do Homem, pois será pelos bons frutos que se conhecerá a boa árvore. E boa árvore será aquele que tendo escutado a palavra de Jesus, a guardou no seu coração e prudentemente construiu a sua casa sobre a rocha (da salvação) e nem a tenpestade, nem a chuva, nem o vento, a demoliram, pois forte era o seu sustento.

"E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou (...)" (Mt.7,28)
Também nós nos admiramos com estas extraordinárias palavras de Jesus. Acredito que não haverá século, nem milénio, em que os Homens percam a admiração por estas palavras. Elas continuarão sendo para todos o sal da terra e a luz do mundo!

Chegamos, assim, ao fim do discurso. Sabemos, agora, que fez Jesus "em cima do monte". Podemos melhor compreender a sua descida.

Meu Deus, quantos ensinamentos! Quantas palavras sábias! e radicais! e cheias de santidade! Meu Deus que revolução!
O cristão demorar-se-á muito tempo a tentar cumprir uma só palavra deste extraordinário discurso! Quantos de nós o conseguem? Quantos? Acredito que até para os santos seja dificílimo. Não basta querer, é preciso fazer! e Fazer sempre!
É preciso ser manso, e humilde, e misericordioso, e pacificadores, e procurar a justiça, e ser o sal, e ser a luz, e ser puro e justo e recto de coração e pensamento, e amar os inimigos, e bem-dizê-los e abençoá-los e por eles orar, e perdoar o irmão e pedir perdão sem julgar, e arrancar todas as fontes de mal em nós, e dar a face e dar a capa, e ter um olhar benigno e passar pela porta estreita para andar em caminhos apertados, para juntar tesouros no céu e ser perfeito como perfeito é o nosso Pai que está nos céus!

E posto tudo isto vem Jesus descendo o monte e a multidão seguindo-o. Ao seu encontro vem um leproso (imagino que ao longe tenha escutado tudo o que Jesus disse no cimo do monte) e caindo aos pés de Jesus em adoração lhe diz: "Senhor, se quiseres podes tornar-me limpo."

Aqui, eu partilho convosco a revelação que agora acontece em minha alma, lendo assim todo este episódeo que nos leva a acompanhar Jesus ao cimo do monte e a descê-lo. Descobrindo neste leproso o homem que escutou tão profundamente as palavras de Jesus que as entendeu. (Quisera eu ter este dom!)
"Senhor, se quiseres (...)" - só Deus querendo mesmo. Sem Ele nada será possível; De tudo o que Jesus nos diz no cimo do monte não seremos capazes de fazer uma só, se estivermos sozinhos. Só com Deus-Pai ao nosso lado podemos ambicionar ser como Jesus nos pede.
Como Homens convencidos que somos poderíamos pensar: "ah! agora com esta lista de como ser perfeito, serei perfeito sem dúvida!" e eis que vem este leproso lembrar-nos "Senhor, se quiseres...". Vale a pena não esquecer esta dimensão maior da vontade de Deus, pois é nela que depositamos toda a nossa fé.

"(...) podes tornar-me limpo" - primeiro de tudo é preciso estar limpo no coração tal como Jesus o afirmou em Mt.5, 8 "Bem-aventurados os limpos de coração porque verão a Deus"
E aqui deixo-me reduzir à humilde condição de aprendiz e saboreo estas palavras sábias.
Como ser humilde sem ter um coração limpo? Como ser manso sem ver a Deus? Como amar os inimigos sem ter um coração limpo? Como rezar pelos que nos maltratam sem ver a Deus? Como dar a face e dar a capa sem ter um coração limpo? Como perdoar, como pedir perdão sem ver a Deus?
Sem este coração continuamente limpo e sem ver sempre a Deus em todos e em tudo não seremos, concerteza, capazes de ser perfeitos como perfeito é o nosso Pai.

Convido-vos, estimados amigos, a levarem convosco estes capítulos da Bíblia para que, durante as vossas férias, possam fazer, ao lado de Jesus, esta caminhada de subida e de descida ao monte. E caminhando, escutarem as palavras de Jesus. Para no final O encontrarem, por entre a multidão, e lhe dirigirem a vossa prece.
E nem teremos receio de O encontrar, pois de ante-mão já conhecemos a Sua vontade:
"Quero; sê Limpo."

boas férias a todos! em família, em paz e amor!

domingo, 24 de junho de 2012

Ser família nova para um mundo novo: eis a missão da família cristã.

Mas, afinal, que significa isso? Como é que Cristo acontece no dia-a-dia da vida familiar?
Que espaço do nosso ser e que tempo do nosso dia reservamos para a intimidade da vida da família?
Às vezes sinto que as rotinas do dia-a-dia se parecem a caterpillars que nos esmagam os ossos sem dó, nem piedade. Acordamos todos meio cansados do dia anterior como se afinal a ciência estivesse completamente enganada quanto ao facto de 8 horas de sono serem suficientes (ou muitas noites não dormimos 8horas, porque...estivémos a trabalhar (!)...adoramos tanto esta frase que a usamos como desculpa para tanta coisa...afinal quem foi o idiota que definiu que a jornada de trabalho é de 8horas?!...afinal porquê morreram aquelas pobre-coitadas a lutar por 8horas de trabalho?!!! para quê? para agora nós nos deitarmos às 3 da manhã porque estivémos a trabalhar!...já cá voltamos a este tema).
Por agora, fiquemos nestas rotinas caterpillar: acordar cansado, atrasado e enervado, gerando atrás de nós um redomoinho de mal-disposição que se transformará num fucarão ao longo dia, vindo terminar de novo em nossa casa como violenta tempesatade lá pela hora do jantar.
Entre o trabalho, a escola dos miúdos, as actividades extra (!!!), e as tarefas domésticas, lá se vai o nosso tempo como água da chuva pelo boeiro. Às vezes fico a olhar para o meu tempo a ir-se assim como água, e eu já com os bofos de fora porque saí atrasada do trabalho e tenho 3 miúdos para recolher das escolas e levar ao futebol, e dar banho, e fazer jantar, e casa para arrumar e limpar e roupa...bem não falemos da roupa...afinal somos 5 e só eu sou mulher!
Chego hoje à conclusão que manter rotinas saudáveis é uma actividade diária, de cada hora e de cada minuto. Viver rotinas saudáveis que estejam comprometidas com Cristo é fruto de uma decisão interior tomada em consciência e alicerçada na preserverança. Não basta bater no peito e dizer: "Eu sou cristão". É preciso dizer: "EU ESTOU CRISTÃO!"
Trazer Cristo para dentro da família é urgente e importante. Não dá mais para viver a partir do nada à espera que algo todo-poderoso aconteça.
Estar cristão é nessa medida estar em cada momento junto com Cristo, decidir com Ele, viver com Ele, e por Ele respeitar os espaços, os tempos e os outros na sua dimensão única e maravilhosa.
As rotinas da família são, por excelência, esses espaços e esses tempos em que Cristo acontece (ou deve acontecer) em todo o Seu esplendor. Não deixemos apenas para o Domingo, aquilo que deve acontecer em nossas vidas numa base diária.
Os pais e mães da família cristã devem mostrar que sabem melhor do que os outros que o dia tem uma jornada de trabalho, à qual nos devemos dedicar com alegria, amor e entusiasmo, com compromisso e rigor, procurando obter bons resultado através de boas práticas e isso significa através da ética cristã de amor e respeito por si mesmo e pelo próximo. Mas, essa jornada de trabalho tem um espaço e um tempo próprios. Pois, do quotidiano fazem parte também uma jornada de tempo de família, onde pais e filhos e irmãos se encontram, partilhando cuidados, histórias e vivências. Um espaço familiar onde se ri, se chora, se joga, se brinca, se descança, se convive. Um lugar mágico chamado CASA onde existe uma MESA à volta da qual se janta, em conjunto (às vezes não estamos todos, mas mesmo quando só estamos dois, ainda assim jantamos à volta da mesa).
Afinal, não foi por entre refeições e encontros que Jesus melhor ensinou?
Afinal, não é na convivência da vida familiar que tanto aprendemos sobre a nossa condição de filhos de Deus?
Os pais cristãos têm este extraordinário dever de ensinar aos seus filhos que o respeito por si e pelos outros começa no respeito pelos tempos e espaços de cada actividade da nossa vida. É na vivência certa dos momentos que o Amor melhor se exprime, se manifesta, e a todos enche de vida.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ser mãe é...

Ser pedaço de um sonho...
... ser a cada dia um pouco mais e um pouco mais alguém...
... é mergulhar no teu espaço e descobrir
a alegria de um abraço,
a magia de te ver a sorrir.

Ser mãe é poder dizer: CONTIGO SOU FELIZ!

Ser mãe é ser de Deus aprendiz...

Para os meus 3 filhos que me ensinam a cada dia o verdadeiro e mágico significado da vida, da partilha, da dádiva e da paciência. Que me fazem ser mais e melhor. Que me motivam a ir mais além, a adentrar-me mais e mais na ternura, no carinho e no amor. A descobrir a felicidade num sorriso, num gatinhar, numa nova letra que se aprende ou num novo número que se soma e dessoma.

Não é a infância que redescubro em mim, quando nos demoramos nos jogos de construções, ou no estudo das plantas, ou nos jogos de futebol. Não é a minha infância que revivo quando assistimos aos desenhos da disney juntos. Nem é a minha adolescência que resurge quando cantamos juntos músicas do pedro abrunhosa, xutos ou adam lambert. É a minha própria maternidade que se materializa em cada momento. É essa (ainda) nova perspectiva de mim que contemplo, aprendo e vivo.
E se eles aprendem comigo, não sabem, mas é muito mais o que me ensinam. E essa magia guardam-na as mães e pais. Essa magia única de saber que um dia um pequenino ser nasce e é nosso filho. E, então, começamos a mudar. Agora, já não se pode andar sempre a 100km por hora, porque a 100km por hora não se tem tempo de ver nada. Nem a paisagem, nem o caminho, nem o destino, nem a chegada. Agora, é preciso saber parar e saborear os momentos feitos de legos, de letras, de números, de músicas, de teatros, de desenhos, de abraços e beijos.
Agora, é preciso guardar no coração os instantes feitos de sorrisos e gargalhadas, de colos e festas e noites por dormir.
Agora, é presico apreciar a vida.
E confiá-la a Deus.

E renovarmo-nos na nossa mente e espírito com a determinação de quem quer ser família. De quem sabe que a família é o habitat natural do ser-humano. O espaço onde a criança, o jovem, o adulto e o velho podem existir na sua verdadeira dimensão de pessoa humana dotada de qualidades e limitações, de desafios e soluções, mas sempre capaz de amar.

Neste mês de Maria, e vivendo em especial a maternidade, aponto as palavras de S. Paulo em Rom. I, 12, e dirijo às mães:
"Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, a fim de conhecerdes a vontade de Deus: o que é bom, o que Lhe é agradável e o que é perfeito"
Se são as mães as grandes e principais educadoras da família, aquelas que guardam uns e outros e a todos reunem com amor, então este nosso século precisa de mães novas, para que o mundo se renove.
Mães que assumam a missão da maternidade como consagradas.

Porque só em Deus a maternidade assume a sua verdadeira e grandiosa dimensão. Porque só Deus nos dá esperança, sentido e preserverança. Porque só o seu abraço consola a mãe que sofre. Porque só a Deus a mãe pode confiar o seu filho.

Que este mês de Maio seja para todas as mães uma renovação de compromisso e consagração, junto com Maria, com seu exemplo e carinho.

Mãe da Divina Providência,
                                   Providenciai

sexta-feira, 16 de março de 2012

"Ergue os teus olhos para o céu (...)" Gn. 15, 5

Estamos em plena Quaresma, e surge tão apropriada esta frase dita lá no início da Criação - Génesis 15! - Como são sempre sábias as palavras de Deus.

Sinto que estamos no meio de um turbilhão de águas mexidas que ninguém sabe muito bem explicar porquê se mexem tão depressa, mas parece que todos só estão interessados em conseguir explicar exactamente isso. Nos jornais, na televisão, na rádio, multiplicam-se os programas de economia em que uns e outros e mais alguns e outros tantos tentam e tentam todos os dias sem cessar explicar e analisar e re-analisar os motivos da economia estar assim e continuar assado.
No meio de tudo isto ficamos nós...tão confusos que por momentos até parece que não sabemos nadar! Penso que é isso mesmo que querem fazer-nos crer: que não sabemos nadar. Que estamos condenados a morrer afogados.

Ergue os teus olhos para o céu - diz-nos Deus - convidando-nos a olhar para o alto e ver além.
Por Deus somos dotados de dons capazes de criar e multiplicar. Deus nos ofereceu ainda capacidades e habilidades com as quais semeamos boas sementes e colhemos frutos bons.

Seria bom se neste tempo de reflexão as famílias cristãs se preparassem para mostrar o rosto de Deus em toda a parte. Um rosto de alegria, de esperança, de motivação, e principalmente um rosto de quem se ergue e ajuda a erguer em seu redor. Um rosto de luz capaz de refletir a luz de Deus.

Teremos certamente muito a aprender com a actual situação económica e social difícil. Se ao menos servisse para não se repetir tudo outra vez no futuro; se ao menos servisse para as gerações vindouras tivessem melhores hipoteses de fazer tudo da maneira correcta. Temo que não seja assim. Mas, o cristão - aquele que segue o Caminho da Vida - tem forçosamente de aprender e levar consigo esta aprendizagem.
Deus convida-nos a erguer os nosss olhos para o céu e a contar as estrelas, se formos capazes de as contar. Deus nos chama a abrir as janelas do nosso coração e a olhar para além do que somos capazes de contar, procurando na imensidão o que tem valor e o que é verdadeiro.

Que se desenrolem as nossas costas dobradas sob o peso da nossa cabeça sempre atenta ao nosso umbigo e possamos adoptar a posição digna dos filhos de Deus - cabeça erguida e olhos atentos postos no Céu.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"Outras (sementes) caíram em terra boa e deram fruto" Mt. 13, 8

Irmão,
a família é uma dessas actividades de agricultor em que a terra lavrada com paciência e semeada com amor acaba por desabrochar em flores de estima.

Temos a graça de viver numa dessas famílias em que a liberdade de cada um não se sobrepõe ao respeito pelo outro. É, até, na descoberta do respeito pelo outro que cada um encontra a melhor expressão da sua própria e voluntária liberdade.
Temos a graça de viver numa dessas famílias em que a celebração da vida na alegria e na valorização humana adquire contornos de felicidade. Pequenos e preciosos tesouros que se guardam no coração, para fazer nascer um sorriso, algures, depois, quando o futuro for presente também.

A família é isso.
E é só isso que deseja ser.

Lugar de encontros e celebrações.
Pateo de amizades e cumplicidades.
Mesa de sintonias e afinidades.
Onde se vai bebendo o caminho que cada um percorre; saboreando as aprendizagens partilhadas; disfrutando das companhias e conversas; e festejando as presenças sempre vivas dos que com amor se guardam.

Irmão,
hoje sentámo-nos novamente nesse campo lavrado e admirámos as flores que ele gerou. Delas fizemos algodão e tecemos laços, desses que nos prendem um pouco mais, tanto à vida como ao céu.

Deus é o criador desses campos; o germinador dessas flores.
Deus é, sem qualquer dúvida, a inspiração, a motivação e até a confiança, do Homem que deseja ser família.
Acredito, profundamente, que sem Deus o coração humano não é capaz de tamanha tarefa.
A terra é demasiado grande...
Ninguém pode ser família sem se pôr primeiro a caminho de Deus.

Porque na imensidão do outro se afoga a nossa demasia. Porque diante das faltas do outro, nos falta a capacidade de suprir, antes sobreabundam as nossas arrogâncias e misérias. Porque ao desentendimento respondemos naturalmente com incompreensão. Porque no meio do desespero quase sempre escolhemos fugir, desistir, recomeçar outra coisa, outra vida. Porque na margem do nosso coração moram sempre pequenos animais roedores, de dentes afiados e garras assanhadas, prontos a atacar, sem ver, sem ouvir, sem refletir.

Porque é bem no interior, no denso interior, do coração humano que habita a virtude. E porque há apenas um caminho para lá chegar. Ninguém pode, querendo ser família, fazê-lo sem se pôr primeiro a caminho de Deus.

Só esse caminho transforma a família numa jornada mágica de descoberta e aprendizagem que vale a pena viver.
Só Deus prepara a família para ser como um forno de alquimia onde o metal impuro de cada ser se transforma em ouro para todos. E onde o elixir da longa vida se bebe sempre que tocamos o coração do outro e deixamos que o outro toque o nosso coração para sempre. Com fios de ouro puro.

Dou graças por esta família que temos. E faço-me ao caminho para ser também eu lavrador desse campo que esconde um tesouro.
Possamos, mesmo na diminuta distância do nosso m2, ser testemunhos vivos da família que Deus deseja.