quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Oração do Papa Francisco à Sagrada Família, 27 Outubro 2013



Jesus, Maria e José
a vós, Sagrada Família de Nazaré,
hoje, dirigimos o olhar
com admiração e confiança;
em vós contemplamos
a beleza da comunhão no amor verdadeiro;
a vós confiamos todas as nossas famílias;
para que se renovem nessas maravilhas da graça.
Sagrada Família de Nazaré,
escola atraente do santo Evangelho:
ensina-nos a imitar as tuas virtudes
com uma sábia disciplina espiritual,
doa-nos o olhar claro
      que sabe reconhecer a obra da providência

nas realidades quotidianas da vida.
Sagrada Família de Nazaré,
guardiã fiel do mistério da salvação:
faz renascer em nós a estima pelo silêncio,
    torna as nossas famílias cenáculo de oração

e transforma-as em pequenas Igrejas domésticas,

renova o desejo de santidade,
sustenta o nobre cansaço do trabalho, da educação,
da escuta, da recíproca compreensão e do perdão.
Sagrada Família de Nazaré,
desperta na nossa sociedade a consciência
do caráter sagrado e inviolável da família,
bem inestimável e insubstituível.

Cada família seja morada acolhedora de bondade e de paz

para as crianças e para os idosos,
para quem está doente e sozinho,
para quem é pobre e necessitado.
Jesus, Maria e José
a vós com confiança rezamos, a vós com alegria nos confiamos.
(Tradução Canção Nova / Jéssica Marçal)

Que a oração do Papa Francisco seja também a oração das nossas Famílias...
...em partilha e comunhão ...nos sustente e nos mantenha no nosso caminho para que possamos viver na Verdade com Transparência e Reconciliados (como propõe o fundador da Canção Nova)

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

"Eu não vou gostar de ti porque a tua cara é bonita."

"O Amor é mais do que isso."
 
Porque faço do primeiro pilar do pensamento o momento onde começa a vida? - perguntas tu na tua curiosidade de quem já se apronta para começar a questionar. E eu respondo-te, agora, com alguma tranquilidade, porque isso muda tudo. Repito: porque isso muda tudo!
 
Dependendo desse lugar assim se constrói todo o pensamento.
Apesar de parecer que tudo pode ser verdadeiro, dado que a filosofia da relatividade se tornou absoluta em nós, alguma verdade tem de ser dogmática. Algo haverá de ontológico em nós, livre de jeitos de pensar e formas de estar, desprovido de tempos e lugares, de culturas e modas. É isso que busco.
Como tu, afinal.
 
É preciso um salto de fé para acreditar que isso (seja o que isso for) pode ser dogmático - dirás - e os homens não voam, lembras-te? - desafias. Por isso mesmo, respondo. Só quando diante disso que é um princípio dogmático pode o homem depositar o seu acreditar firme e confiante de que o seu salto, mesmo que não o faça voar, o fará caminhar depois mais erguido e elevado.
E não se trata de saltitar entre isto e aquilo, entre o que-hoje-ouvimos e o que-amanhã-se-diz, trata-se sempre de caminhar, por isso o salto existe e é só um.
 
O meu é este.
E quando te digo que o início da vida está no momento da conceção, desejava que visses aparecer diante de ti toda a beleza e grandiosidade disto que te digo. Porque isso muda tudo.
Esse momento tem rostos, tem corpos, tem suor, tem risos, tem lágrimas, tem um dínamo. Esse momento é de criação, de união, de vida. Esse momento é de entrega, de dom, de encontro. É um advento; Um apelo à comunhão.
Esse é o momento para o qual o corpo foi criado homem e mulher. Nele o homem descobre o seu ser masculino e a mulher o seu ser feminino, num encontro em que ambos se comungam.
Esse é o início da vida para quem nasce, e também para quem através dele participa como co-autor da vida, apercebendo, enfim compreendendo, que a sua própria plenitude é manifestada por uma comunhão entre pessoas que exprime a complementaridade sexual.
 
Se a alma se materializasse aí terias o corpo humano.
 
Então não temos mais esta ideia de binómio corpo-alma, mas esta certeza de que o corpo humano é uma imagem física de um espírito. Um corpo que torna visível o invisível. O corpo como expressão física de uma realidade espiritual intrínseca.
Um corpo que possibilita e capacita a alma para a interação entre pessoas. E há gestos que têm um significado interior tão intimamente ligado a si que são sempre expressão desse significado em qualquer tempo, lugar ou pessoa.
Um sorriso, por exemplo. É sempre uma manifestação espiritual interior tornada visível. Um beijo, um abraço. Uma lágrima.
 
O que faz a sexualidade entre o homem e a mulher ser um momento de complementaridade e de comunhão é exatamente que esse momento possibilita mais do que qualquer outro a manifestação dessa comunhão. Porque nele o homem e a mulher se entregam, um ao outro, como dom, como dádiva. Nele o homem e a mulher se tocam na alma. E só quando assim é, a sexualidade proporciona ao ser-humano esse vislumbre da plenitude para a qual, e na qual, foi criado. E só quando assim é, a sexualidade proporciona uma elevação da alma, um rasgar de coração pelo qual todos, enfim, ansiamos. E isso é algo gravado com tanta força no nosso ser que, diria, pertence ao código genético. Não vale a pena remoer. Querer que a sexualidade fosse diferente, livre, descomprometida, cheia de prazeres momentâneos, de noites fervorosas e dias fugazes. Revolucionar por uma sexualidade independente, dona de si, vazia de significado, tipo pastilha elástica - melhora o hálito, dura 5 minutos e deita fora, no chão, sempre no chão, e a seguir venha outra, doutro sabor, um halls ou goma, só para experimentar, só para saber como é... não adianta. Isso não faz parte de nós. Isso não nos faz sermos mais nós.
 
Por isso, quando te digo que naquele momento começa a vida isso muda tudo. Com quem começa a vida, torna-se parte importante da própria vida. Com quem nessa entrega descobrimos este mistério de comunhão, torna-se essência do próprio mistério. Com quem nos entregamos, um ao outro, em sintonia, inteiros, à própria vida, torna-se vida em nós. Torna-se dogmático. Somos, nesse momento, trespassados por um Amor maior, em que acredito por inteiro, de corpo e alma. E é ao corpo e à alma (do homem e da mulher nesse ato) que esse Amor maior une para sempre, num só corpo, numa só carne. E é esse corpo UM que se torna, profeticamente, manifestação visível de algo invisível. Imagem e Semelhança de Deus.
"Deus criou o Homem à Sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou varão e mulher" Gn.1, 27 - repara não é varão ou mulher, é varão e mulher - "Por esse motivo, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua mulher e os dois serão uma só carne" Gn. 2, 24 - repara não diz "à mulher" mas sim "à sua mulher"; uma única mulher para um único homem e os dois em conjunto, unidos serão então uma só carne, por esse motivo de serem imagem e semelhança de Deus.
 
Isto é o meu corpo entregue por vós.
Será que já se abrem de par-em-par as portas do teu pensamento?
O que Ele entregou foi o corpo.
Para que O imitemos, Jesus continuamente se entrega. Através do corpo se entrega a Si mesmo. A Si todo. A Si pleno. A Si próprio em plenitude, em totalidade. Eterno dom, através do Seu corpo. E Nele toda a Sua alma se entrega. E Nele entrega o amor do Pai e do Espírito. E nele entrega tudo.
 
E a nós também nos é dado que entreguemos tudo quando entregamos o nosso corpo.
 
(...por uma valorização da vida humana, da sexualidade e da família, no ano da fé - promovido pelo Papa Bento XVI, na descoberta da Teologia do Corpo do Papa João Paulo II, no desejo profundo de uma vivência de coerência no corpo e com o corpo das realidades que professamos no espírito como desafia o Papa Francisco. Esta é a nossa Igreja.)

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Os Homens não voam

Tenho esta imagem do pensamento humano como uma ponte entre o aqui e o acolá.
Como uma ponte que liga duas margens antes separadas.
E depois de construída se torna óbvia a passagem; se torna fácil o caminhar; se torna acessível o que antes não o era.

Apesar de imensamente útil, o que mais me fascina, nas pontes, são os pilares.
Como grandes blocos que sustentam a passagem. Eles sim, responsáveis pela passagem da própria ponte. Algo que não sendo ponte é em si a base inequívoca da sua existência.

Creio que os pilares têm exatamente a mesma função no sustento do pensamento do Homem.

Os Homens não voam, por isso a sua viagem de uma margem (de um lugar de pensamento) a outra é permitida por pontes, cuja firmeza depende do carater (da matéria fundada) dos pilares.
 
Por isso, te digo, Tiago, demora-te a escolher o lugar onde fundas os teus pilares; por eles passará a tua ponte; e por ela caminharás tu.
 
Todos queremos fundar a nossa ponte na Verdade. Não conheço homem que não o deseje. Mas, como conhecer essa terra que não é areia, nem lama? se seca toda a terra parece firme e ao longe tudo parece igual?
 
Acredito que cada um de nós tem em si mesmo uma inata capacidade de reconhecer a Verdade quando a vê ou a escuta; uma natural inteligência para questionar o céu; um refinadíssimo discernimento à espera de ser usado; e uma curiosidade pronta para sondar mais além.
Apenas alguns de nós escolhem não usar nenhuma dessas ferramentas. Como grande parte de corpo do Homem é sistema digestivo, torna-se mais prático engolir pastilhas feitas da trampa que nos dão, na esperança de que o que não presta acabe por sair mais cedo ou mais tarde, por um qualquer buraco de espírito escondido lá atrás.
 
Se temos ferramentas realmente úteis para construir o pensamento, apressemo-nos a usá-las. O mundo acelera vertiginosamente e só a velocidade do pensamento nos fará manter a marcha e apreciar a paisagem nesta viagem da vida.
 
A Verdade, por seu lado, tem uma extraordinária característica: ela sempre se revela.
 
Em cada Homem há este lugar mágico onde a Verdade acontece: o coração. É, apenas, no nosso mais íntimo que a Verdade encontra acolhimento pleno. A Verdade não costuma ser pacífica, mas ela sempre torna sereno o coração humano. E é exatamente por isso que ela é.
 
E se falaremos mais sobre a Verdade e a Vida, importa antes de mais compreender onde começa e acaba a vida. Apesar, de parecer simples, nem todos os Homens colocam o início e o fim da vida no mesmo tempo ou circunstância. Tal, definição é, no entanto, preciosa para tudo o resto.
 
Alguns de nós, em algumas partes do mundo, defendem, por escrito, em forma de lei, que a vida começa exatamente 10 semanas depois de ter começado o corpo. O que significa que não pode existir vida sem corpo, mas existir corpo sem vida faz todo o sentido. E o corpo sem vida antes da vida ter começado é um... como nomear?, objeto?...hum...não me soa...coisa?...ser místico sem personalidade, isto é desprovido de pessoa, tipo ar?...não temos bem nome para isto de corpo sem vida antes da vida...espera...na lei chamam-lhe embrião. É isso embrião: corpo sem vida antes da vida começar, o que acontece exatamente 10 semanas depois do embrião ter início. O que é extraordinário!
Estes mesmos que acolhem o embrião como entidade aquém-vida, são os mesmos que defendem que a vida termina antes do corpo morrer, sempre que a forma como existe o corpo nessa derradeira fase se torna inconveniente e incompreensivelmente insuportável. O que possibilita ao corpo uma nova temporada de existência sem vida, mas não à vida sem corpo. Este corpo sem vida, nesta fase em que a vida já terminou não sei como se chama.
Mas, seja como for, sempre que o corpo existe sem vida, seja antes ou depois da própria vida, é possível e perfeitamente lógico e racional poder terminar com a existência desse corpo, já que ele, sem vida, é, em si mesmo, uma verdadeira aberração da natureza. Este pensamento muito generalizado no nosso século é até demonstrativo de uma capacidade evolutiva intelectual muito superior só compreensível por aqueles iluminados cuja matéria consciente do homo-sapiens faz deles homos mais sapiens que os outros. Muitos outros pensam ainda de muitas outras maneiras.
 
Primeiro pilar do pensamento: Onde e quando começa a vida? Onde e quando termina a vida?
 
Longe de querer subjugar-te ao meu entendimento, porque a minha ponte, embora partilhada será sempre e só o lugar por onde caminho eu, partilho contigo o que em mim se faz óbvio: a vida começa exatamente no momento da conceção, que é o lugar, o tempo e a circunstância onde corpo e alma se encontram pela primeira vez. Nem antes, nem depois. Apenas ali.
 
Onde termina a vida? ainda estou a descobrir...apenas sei que essa realidade, esse lugar, esse tempo e essa circunstância não fazem parte deste mundo e por isso, para compreendê-lo é necessária uma ampliação de pensamento. Uma ampliação de entendimento, que me permita com este coração humano acolher uma Verdade que certamente já não é humana.

domingo, 14 de julho de 2013

No Princípio - Um caminho para a Teologia do Corpo

Cara familia,

Faz hoje um mês estávamos em Fátima no Simposio sobre a Teologia do Corpo. Esse foi um simpósio extraordinário. Este tema, escrito por Joao Paulo II há 30 anos, parece-me hoje ainda um futuro. Surge ainda envolto naquela neblina matinal de mistério das coisas que nao se entende. Talvez por isso descobri-lo seja ainda mais importante.
E afinal lendo-o acabamos por ter aquela sensaçao de quem está diante da simplicidade do óbvio. A genialidade é assim: é preciso um génio para descobri-la e depois de revelada a Verdade torna-se óbvia e simples, sem nunca perder, no entanto, aquilo que faz dela a Verdade: a sua força transformadora que atrai e motiva.
Ler a Teologia do Corpo de Joao Paulo II, tem sido assim para mim, um camino de contemplaçao dessa Verdade óbvia e simples, que me estava escondida, e que JPII expos com elegante maestria nas palavras clarividentes de um pensador nato (inspiridado?).

Que vamos fazer com isto que lemos e aprendemos?

Essa questao que agora ressoa em mim ainda nao encontrou resposta certa.

Certo é que este tema tem de se fazer presente, como presente maior da Igreja, para vida do Homem, em especial para as famílias.

Hoje, partilho convosco apenas aquele breve texto do Génesis sobre a criaçao do Homem - Gn. 2 / Gn.3
Em especial detenho-me naquela que hoje me parece a maior e mais bela declaraçao de amor (aquela que fez o primeiro homem à primeira mulher - "Tu és realmente carne da mina carne, ossos dos meus ossos. Tu és a minha semalhante".

Se pensarmos que este livro do Génesis contém em si o registo dos primórdios da consciência humana. Se pensarmos que aquilo que o Homem primeiro quis registrar sobre a mulher foi este desabafo, esta constataçao. Se pensarmos que "carne" pode ser entendido como "vida" e "ossos" como "espírito". E se lermos a frase dizendo: "Tu és realmente vida da mina vida e espírito do meu espírito".
Talvez tenhamos diante do nosso olhar o mistério da nossa criaçao: uma criaçao de amor para a comunhao de pessoas.

Quem dera contemplar em minha vida pessoal esta mesma extraordinária grandeza que contemplou Adao diante de Eva...
E nao o digo por um momento (como no início de um namoro em que tudo é Primavera), mas digo-o no Verao da vida (em que tudo é reboliço de trabalho e afazeres e filhos e rotinas e tenho-de) e repito-o no Outono da vida (quando tudo é agitado pelo vento que passa e se transforma em ventania levantando nossos telhados pelos ar) e até mesmo no Inverno (quando em fim na cadeira de baloiço embalada nos días frios, ouvirmos com nostalgia o ranger de um soalho tao velho como nós). Quem dera contemplar na vida esse mistério maior.

Como o fazer? Tive esta imagem na efusao do espírito: de joelhos no chao! Só de joelhos no chao. Sempre de joelhos no chao. E deixando que Deus seja Ele próprio hoje e sempre o nosso principio.

domingo, 19 de maio de 2013

Uma Paz que Sacia

Querida Família,

Não poderíamos regressar da Efusão do Espírito e não partilhar convosco o ensinamento que de lá guardámos.
Na mensagem de 16 de Maio já pedia a Nossa Mãe Maria que intercedesse para que a graça da Efusão acontecesse no seio do nosso sacramento matrimonial pois é nessa realidade que a nossa consagração a Deus acontece. E assim foi.

Deus falou cirurgicamente ao nosso coração de esposos. Ele nem esteve com rodeios! Não fosse dar-se o caso de nós não entendermos (ou mais uma vez fingirmos que não entendemos e assobiarmos para o lado).
A Sua mensagem foi límpida para nós.
Deus chamou-nos "pilares da Sua Igreja".
E nós chorámos...

Chorámos porque sentimos que esse nome se vestia em nós assim como se veste Pedro e Sofia.
Ainda havemos de descobrir o que esse nome significa. Para já aceitamos o nome como o aceita a criança que aprende o seu próprio nome sem nunca perguntar ao pai como se chama.
Virá, depois, com a idade, o querer saber "porquê me chamaste assim, pai" ou no nosso caso o saber "PARA QUÊ nos chamaste assim, Pai."

""Está escrito: a minha casa há-de chamar-se casa de oração" mas vós fazeis dela um covil de ladrões" Mt. 21, 13

Somos templos vivos de Deus Vivo. O nosso coração é Sua morada. O nosso coração havia de ser todo oração e ainda seria pequeno para acolher o Deus Vivo. Só por verdadeiro milagre Ele cabe dentro de nós (!). O nosso coração, e inteiramente todo o nosso ser havia de ser casa de oração!

O nosso dia-a-dia, os nossos afazeres, a nossa casa física, o nosso quarto, o nosso trabalho haviam de ser casas de oração!
Os nossos pensamentos, as nossas ideias, planos, projetos, sonhos, intenções, renúncias... haviam de ser casas de oração!
As nossas amizades, casamentos, famílias, relacionamentos, namoros, vocações... o nosso ser mãe (maternidade), o nosso ser pai (paternidade), o nosso ser irmão, ser filho, ser avô, ser neto... o nosso ser professor, juiz, carpinteiro, empresário, psicólogo, veterinário, administrador, missionário... haviam de ser casas de oração!

Mas, nós fazemos de tudo isso "covil de ladrões"!

Jesus, que veio ao mundo, apenas para tirar o pecado do mundo, vem à nossa vida para fazer exatamente isso e só isso.

Ele quer purificar o nosso templo, como quis purificar o templo de Jerusalém. E é com a mesma revolta e energia decidida que O ouvi ontem falar-nos ao coração. Como se Ele mesmo estivesse dentro do nosso coração a dar um pontapé e a virar a mesa do avesso, a deitar por terra, contra o chão, tudo o que ofende a Deus-Pai.
Ele soltava as pombinhas que nós aprisionávamos para vender como oferendas...
Ele expulsava do templo tudo o que era indigno...
Esta é a passagem da Bíblia onde sentimos Jesus arder, como se finalmente Ele fosse mesmo homem e tal como nós também tivesse excessos de raiva... sabemos que não é por excesso de raiva que Jesus agiu assim no templo em Jerusalém, mas estou certa que é com a mesma energia e convicção que Ele age em nossas vidas quando vê comportar-mo-nos como aqueles homens no templo.

Então, apertámos as mãos mais forte e soubemos exatamente o que Ele queria de nós. Simples de entender não é?
Vai ser tão difícil...
se para nós a mensagem foi clarinha, quanto não o terá sido para o outro que sempre nos ronda... (Deus nos sonda e o outro nos ronda).

Temos, ainda assim, uma certeza: não será por nós sozinhos. Será o próprio Jesus que pontepeará as mesas e derrubará as cadeiras e soltará as pombas e expulsará os demónios. Será Ele mesmo o guardião da nossa casa. Da nossa vida. Do nosso matrimónio. Da nossa família. Do nosso sonho. Da nossa vocação. Do nosso trabalho. Da nossa missão. Será Ele próprio e só Ele mesmo o guardião da Verdade em nós. Será Ele mesmo e por Ele próprio que faremos o nosso Caminho. Será só Ele na sua plenitude a nossa Vida.

E assim será tudo em nós uma casa de oração...
e havemos de dizer como as crianças de peito "Hossana, David".

...temos a vida toda, não temos? e depois ainda se nos acrescenta a eternidade. e assim, será cada dia um pouco mais.

Querida Isabel e Carlos,
Não sabemos que virá depois, mas estamos certos de que o que quer que seja que seja depois será convosco. Como irmãos mais velhos não se cansem de nos chamar, pois nós como irmãos mais novos não nos cansaremos de vos acompanhar e desafiar (os irmãos sempre se ajudam a crescer não é?).

"Assim como a corsa suspira pelas águas
Assim suspira minha alma, Espírito de Deus"

efusãosofia&pedro18.05.2013santarafaela







quinta-feira, 16 de maio de 2013

Uma mãe muito especial

"Quando chegaram à cidade, subiram para a sala de cima, onde se encontravam habitualmente. Estavam lá: Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o zeloso, e Judas, irmãos de Tiago. E todos unidos pelo mesmo sentimento, entregavam-se assiduamente à oração, em companhia de algumas mulheres, entre as quais Maria, Mãe de Jesus" Act. 1, 13-14

Maria, Mãe de Jesus...és para nós uma mãe muito especial. Ela que acompanhou os apóstolos nas suas primeiras orações, quando ainda esperavam o Pentecostes, com eles unida no mesmo sentimento em oração, está hoje connosco, no nosso quarto lá de cima, orando junto a nós, e esperando acontecer o nosso Pentecostes em nosso coração.

Mesmo antes de nos dar o Espírito Santo, Jesus nos deu Sua Mãe.

"Mulher, eis aí o teu filho" Jo. 19,26

É para mim, hoje, sinal de vida eterna, o descobrir esta expressão!
Jesus, mesmo antes de morrer, por meio de agonias e sofrimentos, mesmo antes de ser arrebatado, deixa o seu coração falar-nos ainda de algo absolutamente extraordinário para nós: "Mulher, eis aí o teu filho".
E nesse momento se abre e se rasga o imenso coração de Maria e acolhe de um só trago toda a humanidade.

Esta mãe, doce e terna, que intercede sem cessar...esta mãe que nos cuida, que nos embeleza antes de nos apresentar ao Pai, é imagem da pureza do Amor.

Esta Mãe está viva! E vive por nós!
Ela alcança onde nós não alcançamos...ela chega por nós onde nós não chegamos...ela nos sussurra ao coração o melhor para nós...
Somos, diante desta mãe, como crianças de 3 anos...pequenos...tão pequenos...e ela tão imensa nos pega no colo...corre em nossa direção e nos abraça quando caímos (como naquela maravilhosa imagem do filme "A Paixão de Cristo" de Mel Gibson)...e quando lhe pedimos "mãe...podes dar-me isso aí de cima que eu não chego lá?...ela responde: claro...toma.
Quando pedimos a esta nossa Mãe alguma coisa do Alto, ela sempre nos responde: claro...toma.

Que quero pedir-te hoje, Maria?

Quero pedir-te que estejas comigo neste Pentecostes. Quero pedir-te que fiques comigo, orando, na minha sala lá de cima, e que estejas presente neste Pentecostes. Para que a minha disponibilidade de coração e de mente seja total. Para que todo o meu ser se entregue inteiramente ao Espírito Santo de Deus e possa dizer como David: "Eu via, constantemente, o Senhor diante de mim, por estar à minha direita a fim de eu não vacilar. Por isso, é que o meu coração se alegra e a minha língua exulta e até a minha carne repousará na esperança;"

Maria, minha mãe, quero pedir-te que me habitues a caminhar contigo na Vida. A ter-te por perto. A ser-te filha, de modo a que possa "(...) conhecer os caminhos da Vida" e deixar Jesus "encher-me de alegria com a Sua presença." E assim, alegre na esperança e firme na fé, possa ser testemunha viva e vivificante de Cristo Ressuscitado.
 
Minha Mãe e Senhora Nossa,

P.S. Este final de semana - Pentecostes- eu e o pedro vamos estar recebendo a efusão do Espírito Santo. Já consagro a Deus nosso coração de esposos, para que essa efusão aconteça no sacramento do nosso matrimónio e seja fonte de vida para a nossa família. Que assim, com o Espírito Santo e no amparo de Maria, possamos, como casal e como família ser luz para o mundo e sal para a terra.

Para ouvir e rezar: Maria, Porta do Céu
https://www.youtube.com/watch?v=ako2QakB4fw

domingo, 5 de maio de 2013

Jesus, Maria e José a nossa família vossa é

Vivemos hoje um dia da mãe muito especial...louvo a Deus por esta maravilha! Uma vez mais unidos em oração, e desta vez mais unidos e renovadamente unidos.
Esta novidade de termos o Paulo e a Débora connosco, agora já casados, como um e assim já comungando deste caminho que Deus nos tem proposto: ser família.

Ao rezar assim convosco senti uma imensa vontade de renovar este blog.
A Débora partilhava que desejava que a sua família no Brasil pudesse estar unida a nós. Então, senti que este espaço deve existir principalmente para reunir a nossa família mesmo a mais dispersa fisicamente. As irmãs, cunhados, pai e sobrinhos da Débora no Brasil; os irmãos e irmã, cunhados, pai e sobrinhos do Carlos em Coimbra; e o meu irmão, agora em Angola.

Acrescentei-lhe um link para a página Canção Nova, pois é verdade para todos nós o quanto a comunidade tem sido Caminho e Vida para cada um.
Acrescentei-lhe um link para o Kerygma, por ser uma Associação também ela ligada à nossa família e caminhada.

Que Deus se manifeste neste espaço renovado. Que por aqui possamos ir partilhando os passos que vamos dando em direção a Deus-Pai.
Que através, também deste lugar, possamos ir aprendendo a ser família sempre com os olhos postos na sagrada família, no sacrifício de Jesus, na disponibilidade de Maria e no serviço de José.
Que aqui possamos ir partilhando os acontecimentos que vão restaurando a nossa casa. E que eles assim sejam luz para o mundo e sal para a terra.
Que sejam guardas do nosso testemunho vivo e vivificante.

Alegro-me já por acolher a família alargada de cada um.

A família assim em Cristo é como um campo que esconde um tesouro. Pelo qual eu deixo tudo o que tenho.

Com amor em Cristo, sofia

sexta-feira, 22 de março de 2013

Deus nunca se cansa de Perdoar

Deus-Pai, infinitamente misericordioso, nunca se cansa de nos perdoar.

Sabe tão bem ouvir do Papa esta palavra...num mundo em que os homens tanto se esquecem de perdoar...que acreditam que viver no conflito é a sua natureza.

Como é grande a dureza do nosso coração.

Na nossa missão familiar (que está afixada na nossa sala de refeições) temos uma linha dedicada inteiramente ao perdão. Porque a nossa própria consciência nos diz que esse será sempre o grande desafio. Perdoar. E não cansar de perdoar. Nunca. Sempre.

Este é o tempo que antecede a Páscoa. Não tenho outra intenção neste momento a não ser viver a próxima semana na santidade vivificante do perdão.
Dum perdão que demora em dar-se porque grande é a dureza do nosso coração. Grande é a dureza do meu coração.
Que o infinito amor de Deus-Pai possa fazer o meu coração manso e humilde como o coração de Jesus.

Um dos maiores coachs de liderança pessoal e motivacional afirma que as nossas relações são como contas bancárias nas quais fazemos depósitos. Quando fazemos uma retirada, o saldo diminui automaticamente, e por mais que queiramos a nossa natureza não nos deixa repor esse saldo. Temos de fazer um novo depósito para repor a conta.
O perdão é assim como um grande crédito que não só repõe o saldo após uma retirada, como suplanta o saldo inicial.
Assim, como se o Banco creditasse a nosso favor uma quantia. Só que o perdão é gratuíto. Uma vez dado sobre ele não se podem pedir juros. Um perdão não é um empréstimo. Perdoo por minha decisão, não para requerer do outro um juro em troca.
É exactamente esta gratuítidade do perdão e esta imensa liberdade que o tornam mais difícil.
"Ah, se o outro ao menos pedisse desculpa....eu perdoava" ou "Eu perdoo mas não esqueço!"
São estas as frases mais comuns do nosso coração. A dependência da desculpa do outro, retira ao perdão a sua liberdade. O não esquecer retira-lhe a gratuítidade.
E é por isso, que o perdão só se dá no Espírito. Na graça do Espírito. No infinito Amor de Deus.


quarta-feira, 20 de março de 2013

No princípio, Ele os criou homem e mulher

"Por isso, o homem deixará pai e mãe e e unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne (?) Portanto, já não são dois, mas uma só carne" Mt. 19,5-6 


 Irmão,
dedico-te estas palavras. Agora, já não só a ti, mas também aquela que contigo se tornou uma só carne. Aprendi, há pouco, que o mesmo sinal antigo usado para referir carne também representava vida. Então, noutra leitura da mesma expressão, dedico também aquela que contigo se tornou uma só vida.

Bem sabes o quanto me toca esta nossa família e esta nossa relação de uns para com os outros, que se cose com linhas de amizade e estima. É por causa dessas linhas que só se sentem que a vida de uns e outros se toca e nos toca a cada um no coração. Por isso, que uns são para os outros motivo de inspiração e exemplo. Por isso, que é tanto o que convosco aprendo. Por isso, que é tanto o que cada um é de desafio para o outro.
Que essa aprendizagem nos eleve a todos mais alto.

Numa perspectiva, agora absolutamente nova, surge então aquela expressão "no princípio". Longe de querer aqui repetir o que o beato João Paulo II de forma tão bela colocou em palavras e reflexão, quero apenas repetir aquela expressão "no princípio" para que ao longo do caminho do matrimónio não nos esqueçamos jamais dela. Pois se é aí que reside o mistério e a beleza da criação de Deus, é precisamente aí que mais se ataca o matrimónio. No princípio, se ataca, até que nos esquecemos totalmente do princípio e começamos a planear o fim.
Não é assim que vemos acontecer? no mundo? todos os dias?
Hoje é mais fácil divorciar que casar. Aliás, hoje, antes de assinarmos o registo do nosso casamento, já temos de decidir como nos vamos separar. E vejo isto acontecer como se fora normal e correcto. Porque não?
E até que sendo o final tão banal e estúpido, se coloca antes do princípio a própria questão da sua existência. Para quê começar algo se logo termina? É HOJE entre um FIM estupidificante e um INÍCIO desprovido de sentido que se coloca o matrimónio. É, por isso, uma verdadeira demonstração de fé matrimoniar-se. Matrimoniar-se nessa comunhão com o princípio criador. Nesse desejo ardente de que por um mistério sagrado os dois se tornam uma só vida. E para sempre. Mas, o sempre que é toda a eternidade. Muito para além da dimensão humana dos anos, dos séculos ou milénios. Um para sempre que é sempre na dimensão divina.Nessa, onde não há lugar a dias ou anos, nem a passado ou futuro. Mas, nesse eterno que é sempre presente. Naquela mesma dimensão de eternidade onde Deus apresentando-se a Moisés lhe diz "Eu sou Aquele que sou" . Sou, não fui, nem serei. Sou. Sou para sempre. E é nesse mesmo tempo verbal que os dois se tornam um.
E é nesse mesmo tempo verbal que são os dois guardiões da sua vida tornada uma. Um do outro. Recordo agora que ontem o Papa Francisco rebuscava esta mesma ideia de guarda. E a todos nos interpelava a sermos guardas uns dos outros e da criação. Guardas dos dons e talentos que Deus nos confiou. Guardas no exemplo de José e de Maria. E é precisamente esta a primeira pergunta bíblica: "Sou, porventura, eu guarda do meu irmão?" Esta a primeira pergunta a que somos chamados a responder.

E nós queremos responder SIM. Sim com convição. Com amor. Com intenção.
Aqueles que decidem assim matrimoniar-se no Espírito Santo, decidem dar o seu SIM a esta questão e mostrar que desde o princípio o fazem.
Que Deus providencie em vossa vida a benção necessária e adequada. O matrimónio é uma viagem linda. Um caminho maravilhoso. E transcendente quando Deus habita connosco. Um campo lindo que esconde um tesouro. Assim é a vida com Deus.

(para os meus irmãos Paulo e Débora; Isabel e Carlos. para a minha vida Pedro. e aos nossos pais que nos fortalecem na fé)

sexta-feira, 8 de março de 2013

Ser Mulher...com Cristo:uma decisão!

Hoje celebramos o ser pessoa no feminino.
Longe dos sentimentos femininistas ou machistas gosto de abraçar este dia no seu simbolismo. No simbolismo em que é reposta a igualdade única entre o homem e a mulher. Com tal intenção os criou Deus. Iguais em dignidade. Iguais em utilidade. Iguais em desígnio. E iguais em felicidade.
Como é maravilhosa a passagem de Génesis 27 "Deus criou o homem à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher".
No pensamento de Deus assim fomos criados como homem e mulher para que um ao outro nos completemos e um com o outro possamos existir em plenitude.
Celebrar o dia da mulher neste canto do mundo é assim celebrar a reposição original em ordem aos pensamentos de Deus.
Celebro hoje a graça de ser mulher. Ser jovem. Ser mãe. Ser esposa. Ser amiga. Ser empresária. E ser isso tudo numa família bonita onde Cristo habita, está e se faz presente a cada dia. Nos desafiando continuamente a fazermos parte dessa ordem original onde se guarda a essência da Sua vontade criadora. Por isso, ser mulher com Cristo é uma decisão: uma decisão de vontade e uma decisão de consciência. Uma decisão de vida. Mas, para mim a única decisão! Bem haja a todas as mulheres e a todos os homens que compreendem que a nossa semelhança é a mesma e é em relação a Deus

domingo, 20 de janeiro de 2013

Mestre, onde moras?

Início de novo ano. Sempre acabamos por parar e pensar no que queremos, no que desejamos, no que este ano há-de ser e acontecer.
Em meio a estes pensamentos tem vindo à minha mente esta pergunta:
"Que buscais?"
Vai e volta e vai e revolta à minha mente a passagem de João 1,35 quando Jesus vendo que os dois discipulos de João O seguiam, perguntou-lhes: "Que buscais?"

Esta pergunta continua Jesus fazendo, todos os dias, a todos que O seguem. E sinto, por fim, neste início de ano, em pleno ano da fé, que Jesus me interpela também à resposta.

Os dois discípulos responderam: "Mestre, onde Moras?"

Acredito que esta é a verdadeira resposta. Saber onde mora Jesus, onde habita, onde descança, onde vive, onde é. Conhecer o lugar dos Seus pensamentos, das Suas emoções, dos Seus cuidados.

Jesus respondeu aos discípulos: "Vinde ver".

Esta simplicidade no convite feito. Esta transparência no incentivo à ação. Este diálogo constante. Tudo isto tem trespassado o tempo. Com a constância própria das coisas verdadeiras, estas palavras têm trespassado corações e desafiado muitos homens ao longo dos séculos. E hoje chegam até mim, como interpelação de novo ano: "Que buscais?" 
 
Este Jesus que passa por nós. Este Jesus que nos convida. Este Jesus que me comove. Este Jesus que me interpela. Este Jesus que me conhece para lá do que eu conheço em mim. Este Jesus que me escuta, até no silêncio do que calo. Este Jesus que em mim confia para lá da fraqueza e da coragem do meu coração. Este Jesus que elevou a humanidade ao melhor de si. Este homem que nos deixou um segredo. Este homem que me encanta. Este Deus que adoro. "Onde Moras?"
 
Onde toca a Sua mão, tudo se transforma.
Olho-Te.
Transforma continuamente quem somos.
Toca com tua mão aberta os nossos corações, a nossa alma, e inteiramente todo o nosso ser.
Que este ano eu saiba caminhar, seguindo-Te.
Quero saber onde moras e quero muito que Tu mores em minha casa.
Que aqui no meio de nós haja um imenso lugar para Ti.
 
Haverá concerteza.
"Vinde, ver"